quinta-feira, 28 de maio de 2015

Sobre o círculo de ódio


O mundo nunca pareceu tão caótico quanto atualmente e essa sensação é natural, a informação se propaga com muita velocidade e facilidade, as notícias não chegam mais só através dos meios tradicionais de mídia mas vêm de pessoas comuns por uma simples publicação em alguma rede social. Também ficou muito mais fácil emitir opiniões, a tela de um computador dá uma falsa impressão de segurança e o que não se falaria ao vivo se escreve como se ninguém mais fosse ler, ou com aquela ideia de liberdade de expressão confundida com liberdade de agressão. Exemplos, é só aparecer uma notícia sobre a Preta Gil que chove comentários a criticando por algum motivo e muitos são comentários depreciativos relativos a sua aparência, ou alguma notícia sobre a Presidente Dilma cheia de comentários misóginos. 
Seres humanos têm pensamentos e ideias que não são louváveis, sim, todos temos, mas a diferença é o que fazer com elas, usar ou não um filtro para se expressar? Pare e reflita sobre o que está dizendo ou escrevendo, será que vale mesmo a pena? Hoje você pode ser o algoz mas amanhã pode ser a vítima, o mundo gira e ninguém está a salvo, talvez o que é considerado defeito no outro pode ser o que mais incomoda em você, há uma tendência em ignorarmos características que não gostamos e acabamos por apontar o dedo para quem também compartilha delas.

Condenar o erro alheio é muito mais fácil e confortável do que reconhecer o seu. A auto crítica e o auto conhecimento parecem que ficam para trás em uma sociedade acelarada em que é preciso correr sempre na frente. 
Um exercício interessante que pode ser feito por qualquer um que acha que tem as respostas de tudo e que a sua opinião é a certa: imagine-se subindo uma montanha bem alta e a cada passo dado é possível perceber que tudo vai ficando menor, as pessoas parecem formigas, as casas parecem de brinquedo, e o horizonte se amplia cada vez mais. Você chegou ao topo, de um lado tem a cidade funcionando a pleno vapor e do outro a natureza, e você isolado. O mundo parou porque você se distanciou? Você consegue contar quantas pessoas vivem ali? Consegue enxergar o final de tudo? Ou que tal imaginar quantos animais e insetos vivem no meio do verde ou o que tem além da paisagem que você consegue enxergar? Pois bem, agora responda, por que no meio de toda essa grandiosidade que não é nem 1/3 do que existe no universo, você acha que o mundo gira ao redor de seu pequeno umbigo? 

Cada um vive a sua maneira de acordo com o que lhe cabe dentro de sua moral e ética pessoal, se uma pessoa lhe incomoda então o problema não é dela, é seu!
Pratique o amor para que receba amor, ódio só atrai ódio e o círculo se intensifica e não pára de rodar.

Este é um pequeno texto sobre um assunto que merece ser muito mais explorado.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Depressão: sobre a zona de conforto e o benefício secundário


Há alguns grupos no Facebook que eu sigo, em um deles uma participante publicou sobre a zona de conforto que os profissionais de saúde comentam em relação a depressão e que isso só a faz se sentir culpada. Então resolvi esclarecer alguns pontos pois a compreensão parece bem clara para quem é da área mas este assunto pode gerar dúvidas e até sentimentos negativos em quem sofre.

O que é a zona de conforto? São situações, pensamentos, atribuições e responsabilidades já conhecidos e que não causam ansiedade, medo ou insegurança. 

A palavra conforto nos remete ao agradável então parece incongruente relacioná-la a depressão. Imagine uma pessoa deprimida há alguns meses, o que é comum é o diagnóstico ser dado muito tempo depois do início da doença pois os sintomas inicias podem se confundir com preguiça, cansaço, tristeza e outros inerentes ao ser humano e até mesmo acreditar que é assim e não identificar que está em processo depressivo. Esta pessoa considera que chegou ao fundo do poço e não vê uma escada para subir seja porque não enxerga uma melhora ou porque não se considera capaz de reagir, seus pensamentos estão ligados sempre a menos valia, a vida difícil, a incapacidade, a tristeza profunda e a desesperança. Nisso se cria um círculo vicioso pois o deprimido está disfuncional, não realiza as tarefas do dia a dia por mais simples que pareçam ou as realiza precariamente e por isso se considera um incapaz ou um fracassado, o que faz surgir os pensamentos automáticos e o ciclo se reinicia. E assim se gera a zona de conforto na depressão, ou seja, situações e sentimentos já conhecidos. É importante deixar claro que isso pode não ser uma escolha consciente e o deprimido não deve se sentir culpado ou ser culpabilizado. O aspecto importante é a conscientização de que é possível quebrar esse ciclo, procurar tratamento especializado e a princípio sair do estado disfuncional.

Os benefícios secundários são ganhos que os transtornos e doenças psiquiátricas podem promover ao doente. Este ponto também parece ser difícil de relacionar com a depressão pois a princípio não alcançamos algo que ela possa trazer de bom. Agora vamos imaginar a mesma pessoa descrita acima, ela tem uma família estável com quem sempre manteve um bom relacionamento apesar dos altos e baixos, e condição financeira razoável. Sabe-se que a depressão atinge a toda família que muitas vezes não sabe como lidar com a situação e encontra recursos que acredita que sejam os melhores, como dedicar atenção excessiva, prover facilidades, aceitar ataques de irritabilidade em alguns casos e diminuir responsabilidades. Estes exemplos podem acontecer em qualquer âmbito da vida do deprimido, tanto familiar quanto social, profissional e escolar . Assim como na zona de conforto, o benefício secundário também pode ser inconsciente.

Percebem como os dois aspectos podem caminhar juntos? Pois o benefício secundário também contribui para a zona de conforto. Por isso é muito importante procurar ajuda especializada pois um psicólogo pode ajudar não somente o doente mas também os envolvidos em como lidar com a situação.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

O que ninguém fala sobre depressão


Hoje em dia ouvimos falar muito mais sobre as doenças psiquiátricas e uma das mais faladas, até considerada como o mal do século, é a depressão. Existem inúmeros textos e videos sobre o assunto mas há alguns pontos que ninguém fala: 

. O primeiro é sobre a lente cinza que se instala na visão da pessoa deprimida, não há mais graça no mundo, o verde não tem mais intensidade, o azul parece apagado e o sol é incômodo; 
.O segundo é sobre a apatia, muito se acredita que a tristeza é o carro chefe mas chega um momento em que nem ela parece existir, o choro desaparece e não há graça ou desgraça no mundo que faça o indivíduo sentir alguma coisa; 
. O terceiro é sobre a falta de compreensão ao seu redor, parece não haver uma pessoa do seu convívio social que o compreenda, apenas quem passa por isso conseguem entender; 
. O quarto é sobre a intensidade, faltam palavras para descrever o que se passa, as vezes a dor é tão grande que o corpo parece se proteger com uma sensação de que está anestesiado. 
. O quinto é sobre a dificuldade da pessoa perceber que há algo de errado, como o deprimido acaba por achar que merece sofrer, sua conclusão é de que a vida é desse jeito, não há uma luz no fim do túnel e ele está pré determinado a continuar assim pois considera que seja o seu normal.

O apoio dos familiares e amigos é muito importante até para mostrar que é possível fazer um tratamento. Não julgue e nem se irrite mas fortaleça a pessoa com compreensão e aos poucos vá mostrando que a vida não precisa ser cinza o tempo todo. Se acha que essa situação é difícil para você, imagina para quem sente na pele e na alma!

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Como procurar um psicólogo?


Quando resolvi iniciar a faculdade de psicologia vi algumas pessoas com dúvidas sobre o que um psicólogo faz e quando me formei percebi que ainda há um distanciamento em relação a este profissional. Pessoas conhecidas já me confidenciaram que precisam e querem fazer psicoterapia mas não sabem como procurar e ficam com receio do valor a ser cobrado. 

Ok, primeiro vamos ao valor das sessões já que isso é uma questão importante e gera dúvida e curiosidade. De acordo com o código de ética o psicólogo não pode divulgar como propaganda o quanto cobra e muito menos fazer promoções então fica mais difícil encontrar alguma informação concreta. O valor não é fixo e nem há um cálculo base a ser feito, isso vai do profissional e do serviço que ele está prestando além de seus custos para manter o consultório, da localização e do quanto investe na profissão, é normal pensar que quanto mais qualificado, mais valorizado será o seu atendimento. 

Há algumas opções para procurar um tratamento a custo baixo, a primeira seria os serviços de psicologia das faculdades, todas que oferecem curso de psicologia são obrigadas a dispor deste espaço para estágio obrigatório dos alunos. A vantagem é que algumas não cobram e outras cobram apenas algo simbólico, 5 reais por exemplo, só que há desvantagens, a procura costuma ser grande então a fila de espera é enorme, os atendimentos são interrompidos nas férias e ao voltar corre o risco de ser atendimento por outro estagiário pois o anterior se formou. A segunda é para quem tem plano de saúde tentar um profissional credenciado ou buscar o reembolso caso tenha essa opção, as desvantagens são ter um máximo de sessões, e apesar do Ato Médico não ter passado, alguns pedem um encaminhamento de psiquiatra. 

Alguns psicólogos disponibilizam um tempo para atender pro bono ou por um valor mais baixo, só que para descobrir isso só entrando em contato ou por indicação de alguém.
Há alguns locais que fazem trabalho social e oferecem serviço de psicologia como ONGs ou instituições religiosas.

Atualmente, eu atendo valor particular e social dependendo do caso. Um modo interessante que a clínica encontrou é fazer uma avaliação do quanto a pessoa pode disponibilizar para a psicoterapia e depois de definido e acertado é que se inicia o processo com o psicólogo.

Não tenha vergonha de procurar tratamento, estamos aqui para atendê-lo!
<br>
*Imagem: https://psicomarcosmarinho.wordpress.com/2013/08/06/beneficios-da-psicoterapia/